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Pornografia na Internet pode Causar Problemas Sexuais?

Pornografia na Internet pode Causar Problemas Sexuais?

É cada vez mais frequente homens jovens, entre 18 e 25 anos, buscarem os consultórios de sexualidade com queixas de problemas sexuais.

As três queixas mais frequentes são: demora para ejacular (ou impossibilidade), dificuldades de ereção e baixa de libido.

O que esses pacientes têm em comum?

O hábito de ver pornografia na internet e as dificuldades sexuais presentes apenas em relações reais (ou seja, na presença da parceira ou parceiro).

As dificuldades podem ocorrer mesmo quando a pessoa não está viciada em pornografia pela internet e, por esse motivo, reconhecer essa relação (entre a pornografia e problemas sexuais) se torna ainda mais difícil.

Ou seja, homens não percebem a pornografia como a causa dos problemas e recorrem cada vez mais a ela na tentativa de confirmarem que estão normais, pois com esse estímulo (masturbação + pornografia) geralmente o funcionamento sexual é satisfatório.

Esse ciclo vicioso acaba por agravar o problema sexual quando homens não percebem que a causa do seu problema é justamente o hábito de recorrer à internet. Para solucionar esse problema, alguns tentam inclusive recorrer a medicamentos facilitadores de ereção na tentativa de resolver sua dificuldade.

Estudos americanos realizados antes de 2002 apontavam que o percentual de homens abaixo de 40 anos com dificuldade de ereção era em torno de 3%. A partir de 2010, seis estudos encontraram um percentual variando de 14 a 33% de homens abaixo de 40 anos com dificuldade de ereção. Ou seja, um aumento de 1000% (mil por cento) nos ultimos 15 anos!

Mas por que isso ocorre, o que mudou nos últimos anos? Por que a pornografia tem causado problemas sexuais?

Essa pergunta é fonte de várias pesquisas nos últimos anos: o que vem causando problemas sexuais não é a pornografia em si, mas a forma como ela vem sendo apresentada na internet, mais precisamente a partir de 2006.

No passado, o acesso à pornografia era concentrado em revistas, filmes em casa, cinemas, casas noturnas, ou mesmo o acesso via internet (de baixa velocidade). Nessas condições, os problemas sexuais não estavam presentes como nos dias de hoje. Quando ocorriam problemas sexuais com uso desses recursos, eles se relacionavam mais comumente à ansiedade de performance e a problemas de comunicação com a parceira, pois os filmes muitas vezes não retratam a realidade e causavam expectativas irreais e superestimadas quanto à performance sexual do casal. Nos dias de hoje, a causa do problema é mais complexa!

Estudos mostram que a forma como a pornografia é acessível hoje na internet (estímulos muito variados, velocidade de transmissão, possibilidade de várias janelas abertas ao mesmo tempo, horas despendidas, acesso facilitado, acesso em idades muito precoces – as vezes antes dos 13 anos) tem provocado mudanças cerebrais semelhantes às produzidas por drogas, como a cocaína: ou seja, o estimulo persistente, intenso e constante de áreas de prazer (sistema límbico) levando muitas vezes ao vício e à tolerância (necessidade de estímulos cada vez mais intensos e variados para obter o mesmo nível de excitação e prazer), exatamente como ocorre no vício em drogas. E os cérebros dos adolescentes são os mais vulneráveis a esses estímulos.

Dessa forma, o estímulo das relações presenciais se torna insatisfatório para o clímax sexual (tanto em termos de estímulos visuais, como mentais ou táteis). Ou seja, um homem que se habitua a um tipo de estímulo específico na masturbação com o uso de pornografia pode não conseguir ejacular ou ter ereções na presença da parceria se o mesmo nível de estímulo que ele se habituou não estiver presente.

As conseqüências do hábito de ver pornografia na internet variam de acordo com a intensidade e o tempo de uso (meses ou anos) e podem repercutir em sintomas como: depressão, ansiedade, irritação, cansaço, insônia, perda de foco, falta de interações sociais, isolamento, tristeza e até tentativas de suicídio.

Na vida sexual, o que ocorre mais frequentemente é a sensação de: mesmo se tendo a percepção da parceira(o) como sendo extremamente atraente, não é possível ejacular na sua presença (mesmo com estímulos diversificados), não é possível ter ereções satisfatórias ou, em alguns casos, nem mesmo a vontade de ter relações sexuais ocorre mais. Menos frequentemente podem ocorrer também: ejaculação precoce, hipersensibilidade ou perda de sensibilidade nos genitais e perda de atração pela parceira(o).

Muitos desses sintomas são revertidos apenas com a interrupção do hábito de recorrer à pornografia na internet. Há relatos na literatura de inúmeros pacientes que com poucos meses de interrupção do hábito voltaram a ter uma vida sexual satisfatória com suas parceiras ou parceiros.

Se a pessoa não consegue interromper o hábito, pode ser que ela tenha um quadro chamado Vício em Pornografia, o que geralmente exige um tratamento psicológico e, às vezes, psiquiátrico.

Pacientes que interrompem o hábito e mesmo assim ainda apresentam alguma dificuldade sexual podem se beneficiar com uma consulta com um sexólogo, quando outras questões serão também avaliadas, como ansiedade e qualidade do relacionamento afetivo.

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